3º Ano B - 03.12.14
Ideia de Política em Norberto
Bobbio
A conceituação de política,
segundo Norberto Bobbio, envolve a ideia de poder. O poder político, por sua
vez, diz respeito ao poder que um homem exerce sobre outro.
Norberto Bobbio (1909-2004) foi um dos maiores politógos
do século XX. Dentre sua extensa obra, deixou uma importante contribuição à
Ciência Política: seu livro Teoria Geral da Política: a filosofia
política e as lições dos Clássicos. Este texto tentará abordar
ligeiramente algumas considerações sobre o conceito de política na visão desse
autor.
A
palavra política deriva de politikós, do grego, e diz
respeito àquilo que é da cidade, da pólis (na Grécia Antiga), da sociedade, ou
seja, que é de interesse do homem enquanto cidadão. Já na Grécia Antiga, um dos
primeiros a tratar da política como uma prática intrínseca aos homens foi
Aristóteles, com seu livro A Política.
Ao
longo do tempo, o termo política deixou de ter o sentido de adjetivo (aquilo
que é da cidade, sociedade) e passou a ser um modo de “saber lidar” com as
coisas da cidade, da sociedade. Assim, fazer política pode estar associado
às ações de governo e de administração do Estado. Por outro lado, também
diria respeito à forma como a sociedade civil se relaciona com o próprio
Estado.
Mas
para, falar em política enquanto prática humana conduz, consequentemente, a se
pensar no conceito de poder. O poder
estaria ligado à ideia de posse dos meios para se obter vantagem (ou para
fazer valer a vontade) de um homem sobre outros. Assim, o poder político
diria respeito ao poder que um homem pode exercer sobre outros, a exemplo da
relação entre governante e governados (povo, sociedade).
Conforme
nos mostra Norberto Bobbio (2000), há uma tipologia moderna das formas de
poder, como poder econômico, poder ideológico
e poder político, sendo que este último seria aquele no qual se
tem a exclusividade para o uso
da força. Nas palavras de Bobbio (ibidem,
p. 163), “o poder político, enfim, funda-se sobre a posse dos instrumentos
através dos quais se exerce a força física (armas de todo tipo e grau): é o
poder coativo no sentido mais estrito da palavra”.
Contudo,
Norberto Bobbio também aponta
que não é apenas o uso da força, mas sim seu monopólio, sua exclusividade, que
tem o consentimento da sociedade organizada. Em outras palavras, será uma
exclusividade de poder que pode ser exercida sobre um determinado grupo social,
em determinado território.
Outro
aspecto importante para Bobbio sobre a política é que sua finalidade ou seu fim não pode se resumir
apenas em um aspecto, pois “[...] os fins da política são tantos quantas forem
as metas a que um grupo organizado se propõe, segundo os tempos e as
circunstâncias” (ibidem, p. 167). Porém, um fim mínimo à política (enquanto
poder de força) é a manutenção da ordem pública e a defesa da integridade
nacional. Essa finalidade é mínima para a realização de todos os outros fins do
poder político. Porém, é importante se atentar para o fato de que o poder
político não pode ter como finalidade o poder pelo poder, pois se assim fosse
perderia o sentido.
No
exercício de compreensão do conceito de política, deve-se considerar que na
filosofia política moderna aquilo que é político não necessariamente coincide
com o social, pois, ao longo da história, as outras esferas da vida foram se
separando do Estado, a exemplo do poder religioso e do poder econômico. Na
visão de Bobbio, a política
restringe-se à esfera do Estado, instituição esta responsável pela ordem
social.
Para
Bobbio, “enquanto a filosofia
política clássica está alicerçada sobre o estudo da estrutura da pólis e das
suas várias formas históricas ou ideais, a filosofia política pós-clássica
caracteriza-se pela contínua tentativa de uma delimitação daquilo que é
político (o reino de César) em relação àquilo que não é político (seja ele o
reino de Deus ou o reino das riquezas), por uma contínua reflexão sobre aquilo
que diferencia a esfera da política da esfera da não política, o Estado do não
Estado...” (ibidem, p. 172).
Dessa
forma, seria preciso considerar que existem razões e ações do Estado que são
justificadas quando por ele praticadas, mas jamais permitidas a um indivíduo. A
política seria a razão do Estado, enquanto a moral seria a razão do indivíduo.
Assim, seria preciso pensar na autonomia da ação política, a qual é motivada por
razões que não são as mesmas da ação individual.
Em
suma, dessa breve explanação sobre alguns aspectos da obra citada de Norberto
Bobbio, pode-se inferir que, em linhas gerais, sua posição tenta compreender a
política como “atividade ou conjunto de atividades que têm de algum modo, como
termo de referência, a pólis, isto é, o Estado” (ibidem, p. 160).
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
ATIVIDADE
01. QUEM FOI
NORBERTO BOBBIO?
02. QUAL A
DERIVAÇÃO DO TERMO POLÍTICA E A QUE ESTÁ RELACIONADA?
03. A QUE ESTÁ
RELACIONADO O FAZER POLÍTICA?
04. PARA NORBERTO BOBBIO, A QUE ESTÁ LIGADO A
IDEIA DE PODER?
05. COMO
FUNDA-SE O PODER POLÍTICO, NAS PALAVRAS DE
BOBBIO?
06. COMO SE
RESUME A FINALIDADE DA POLÍTICA, PARA BOBBIO?
07. EM LINHAS
GERAIS, QUAL A POSIÇÃO DE BOBBIO, EM RELAÇÃO A POLÍTICA?
08. COMENTE A
CHARGE ABAIXO.
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